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Bernardo Galvão: “Foi um marco simbólico na pesquisa no país”
A década de 80 ainda não tinha terminado. Em meio à euforia que tomava conta do país, da efervescência em função do final de um longo período de ditadura militar, a Aids aparecia como um desafio para todos. Políticos, cientistas e boa parte da sociedade ainda não sabiam muito bem como lidar com a doença, até então caracterizada como particular de grupos considerados de “comportamento de risco”. Uma equipe de pesquisadores do Instituto Oswaldo cruz (IOC) do Rio de Janeiro, percebeu a dimensão do problema e aceitou o desafio de isolar o vírus HIV no país, colocando o Brasil definitivamente no circuito mundial de pesquisa em Aids. Liderando o grupo estava o pesquisador Bernardo Galvão, que conta, nesta entrevista, como foi aquele episódio, que completou 20 anos. Atualmente na Fundação Oswaldo Cruz na Bahia (Fiocruz-BA), Galvão também esteve à frente do processo de construção de uma rede de laboratórios responsáveis pela caracterização do HIV em diversas regiões do país. Para ele, na memória fica o exemplo de como uma instituição, como a Fiocruz, pôde, por estar preparada, responder a uma demanda de saúde.
CPqGm – Passados 20 anos, como avalia o fato da equipe de pesquisadores, liderada pelo senhor, ser a primeira a isolar vírus HIV no Brasil?
Bernardo Galvão – Bem, eu acho que representou o envolvimento da Fundação Oswaldo Cruz na luta de combate e controle da epidemia causada pelo HIV/AIDS. Eu acho que a coisa mais importante que ocorreu naquele momento foi a implantação, nos bancos de sangue, da triagem sorológica do HIV. A Fiocruz pode proporcionar, pelo menos, dessa implantação nos bancos de sangue. Isso sim corresponde a uma importante contribuição para a saúde pública, para a saúde de uma forma geral. Naquele momento foi possível dar essa reposta porque se instalou imediatamente a triagem sorológica nos bancos de sangue, evitando a contaminação, o que seria, caso não fosse evitado, uma catástrofe.
CPqGm - Aquele momento teve impacto efetivo na realidade social em relação a AIDS. Mas o que significou o isolamento do vírus para a ciência?
BG - O isolamento do vírus não foi uma realização científica importante. Para isolar aquele vírus, qualquer laboratório de imunologia que contasse com técnica de isolamento de linfócitos, poderia fazer, mesmo no Brasil. Aquilo foi um marco simbólico na pesquisa no Brasil. Por que faltavam alguns insumos, não para cultivar o vírus, mas para identificá-lo. E aí nós conseguimos esses insumos através de cooperação internacional, ou pesquisadores da própria fundação que trouxeram esses insumos.
CPqGm - Isso significa que a cooperação internacional foi decisiva?
BG - Logo depois do isolamento em 1983, pelo grupo pesquisadores do Instituto Pasteur, em Paris, confirmado por Gallo, em 1984. Em 1984-85, os países do primeiro mundo, todos já estavam com o vírus isolado, mas nós preferíamos, tínhamos inclusive propostas de colaboração, mas que naquela época nos denominávamos de “pesquisa safari”, ou seja, nossa participação seria colher o sangue e enviar para o exterior e depois ter os resultados. Seria ótimo para os nossos currículos, do ponto de vista pessoal, mas nos preferimos demonstrar que éramos capazes de isolar o vírus sem recorrer a esse tipo de colaboração. Afinal, a colaboração é importante quando trás benefícios mútuos. A gente era capaz de isolar o HIV , faltava apenas o insumo. Preferimos criar essa condição.
CPqGm - Que contexto era esse, que dificultava a aquisição dos insumos?
BG - A gente não tinha antígenos. . Foi graças a essas colaborações internacionais que conseguimos os mesmos. Destaque para os virologistas Peggy e Hélio Pereira, ambos de nacionalidade inglesa sendo que ele era brasileiro de nascimento.
CPqGm – Então, eram ações individuais, sem interferência (apoio) do Estado e do governo?
BG - Algumas passaram pelo Estado porque os pesquisadores representavam o Estado. Na verdade existem vários programas de governo, mas o programa nacional de AIDS foi implantado devido a ação da sociedade civil organizada que pressionou o governo, visto que o que existia no exterior repercutia no país. A AIDS, no início, atingia pessoas de classe média – alta, por exemplo, nos EUA e Europa. Mas na África, descobriu-se depois que era uma transmissão heterossexual. Nos países do Ocidente, a AIDS tinha um perfil que atingia, principalmente, indivíduos com determinados comportamentos de risco, como os homo/bissexuais masculinos,, os usuários de drogas injetáveis e indivíduos que eram forçados a tomar sangue, como os hemofílicos. Naquele momento, por exemplo, os homossexuais nos EUA eram uma minoria organizada. Além disso, a AIDS atingia pessoas de grande prestígio no mundo artístico, intelectuais e formadores de opinião.
CPqGm – Houve, de certa forma, uma parceria forte entre a comunidade científica e a sociedade civil organizada?
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Efraim Neto
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Comments
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