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Estamos vivenciando um período muito interessante de nossa história na odisséia terrestre. É um momento que exige a reformulação de nosso comportamento perante a natureza e perante a própria civilização humana. Segundo o filosofo Guattari, vivenciamos a crise de três ecologias: uma social, uma ambiental e outra tecnológica. Para o pensador, nos encontramos em um paradoxo lancinante: de um lado, o desenvolvimento contínuo de novos meios técnico-científicos potencialmente capazes de resolver as problemáticas ecológicas dominantes e determinar o reequilíbrio das atividades socialmente úteis sobre a superfície do planeta e, de outro lado, a incapacidade das forças sociais organizadas e das forças subjetivas constituídas de se apropriar desses meios para torná-los operativos.
Do ponto de vista socioambiental, para fazer alusões, é importante destacar que a cada ano que passa, o consumo da humanidade supera mais rapidamente a capacidade de regeneração do planeta, como aponta o estudo de Pegada Ecológica da ONG Footpoint Network, que tem o Brasileiro Fábio Feldman e o pesquisador William Ress, da universidade canadense de British Columbia. Em 2007, no dia 6 de outubro, faltando quase três meses para o Réveillon, a humanidade já havia consumido todos os recursos naturais que o planeta suportaria repor naquele ano. Para que todo essa crise seja solucionada, é necessário que a sociedade dos cinco continentes mudem o padrão de exploração dos recursos e passem a utilizar apenas o que a natureza é capaz de produzir e repor; essa é única maneira de saldar a dívida e solucionar o problema que se agrava a cada dia.
Caso este consumo continue em 2050 precisaremos de dois planetas Terra para promover os recursos que requeremos. O Brasil hoje possui uma pegada ecológica média de 2,1 hectares por habitante por ano, número superior à média mundial sugerida para que atingíssemos um padrão de consumo sustentável hoje, que seria de 1,8 (hectares/hab/ano), mas bastante próxima da mídia mundial per capta de 2,2. Descubra sua Pegada Ecológica.
Jovens Ativistas
Em meio a todo esse processo de reformulação de comportamento sobre a crise socioambiental mundial, re-emerge o papel dos jovens articuladores. O jovem participa ativamente dos movimentos ambientais há bastante tempo. Sua participação é destacada, principalmente, por movimentos de denúncia, atividades sociais, eventos e a própria organização civil das ações. A juventude se insere, portanto, num cenário de maior complexidade, cuja problemática necessita de analises integradas – uma visão holística do seu comportamento e do comportamento da humanidade.
Para Regina Novaes, na sociedade moderna, embora haja variação dos limites de idade, a juventude é compreendida com um tempo de construção de identidades e de definição de projeto de futuro. A juventude é a fase da vida mais marcada por ambivalências. Os projetos do futuro que são construídas pelos jovens se encaixam perfeitamente no que chamamos de Desenvolvimento Sustentável, e o caminho que muitos jovens traçaram para alcançar os seus sonhos é a Educação Ambiental, que se tornou meio de expressão e manifestação do desejo de atuar e participar. Vivenciar, desenvolver e compartilhar processos transformadores de educação ambiental mantém a chama acesa e possibilitam reflexões e mudanças.
Partindo do princípio, apresentado por Reigota, de que a educação ambiental é uma proposta profunda a educação como a conhecemos, não sendo necessariamente uma prática pedagógica voltada para a transmissão de conhecimentos sobre ecologia. Compreendemos que a educação ambiental visa não só a utilização racional dos recursos naturais, como uma reformulação de nosso comportamento, inclusive conscientizando a humanidade do seu perante o périplo humano sobre a Terra.
Para o Instituto de Estudos da Religião (ISER, 2006, os principais problemas ambientais do bairro, na opinião dos jovens de 16 a 24 anos, são o clima cada vez mais quente (55%), o aumento de doenças respiratórias (35%) e o crescimento da poluição do ar (43%). E os principais problemas ambientais do Brasil, para esses mesmo jovens, são o desmatamento e a queimada de florestas (69%), a poluição dos rios, lagos, mar e praias (43%) e a poluição do ar (33%).
A juventude é o espelho retrovisor de nossa sociedade. A cada tempo e lugar, fatores históricos, estruturais e conjunturais determinam as vulnerabilidades e as potencialidades da juventude. Os jovens do século XXI, que vivem em um mundo que conjuga um acelerado processo de globalização e múltiplas desigualdades sociais, compartilham uma experiência geracional historicamente inédita, e boa parte da mudança socioambiental, que irá garantir a vida das gerações futuras, dependem de atitudes da juventude.
Frutos já são colhidos pelo Brasil afora: Coletivos Jovens de Meio Ambiente em todos os estados do Brasil, Rede da Juventude pelo Meio Ambiente (Rejuma) e o Grupo de Trabalho de Juventude no âmbito do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS).
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Efraim Neto
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