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Outro dia me perguntaram se há jovens realmente interessados na temática que envolve o meio ambiente e o desenvolvimento. Fiquei até surpreso com a pergunta, porque convivo, cotidianamente, com jovens brilhantes que muito contribuem para a discussão, até em nível internacional. E qual não foi a minha surpresa ao ser novamente questionado sobre a capacitação desses jovens. Será que eles realmente, apesar da pouca idade, teriam alguma coisa a acrescentar para os longos, complexos e inexoráveis diálogos sobre sustentabilidade, ecologia, ambiente...?
Rapidamente consultei minha memória, apesar de estar sujeito a falhas, e pude enumerar variadas ações que interconectam esses dois universos: juventudes e ambiente. Comecei me recordando de um evento maravilhoso que ocorreu em novembro de 2003, em Brasília. Conferência Nacional de Meio Ambiente Infanto-Juvenil. Adolescentes, Jovens e Adultos reuniram-se em um grandioso evento idealizado pelo Ministério do Meio Ambiente, da Ministra Marina Silva, e organizado por diversos atores sociais, dentre eles o Grupo Interagir. Um longo processo de participação e envolvimento chegou a número fantásticos para um país com a dimensão do Brasil. Participaram, realizando pré-conferências, 17 mil escolas, que envolveram mais de 4 milhões de pessoas, entre alunos e professores, selecionando 400 delegados entre 11 e 15 anos. Somente a equipe de facilitação e registro contou com 60 facilitadores, jovens entre 16 e 26 anos que fizeram previamente um curso de capacitação e foram indicados por seus respectivos estados.
A partir desse grande processo de mobilização para a causa ambiental, foi plantada uma semente importantíssima para a revitalização do SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente. Os jovens, organizados em seus estados, perceberam a necessidade de conexão para a ampliação de seus trabalhos e criaram a REJUMA – Rede de Juventude pelo Meio Ambiente. Essa Rede interliga jovens de todos os 26 estados e do Distrito Federal, criando uma grande força de renovação, mobilização e ação.
Tudo isso está ocorrendo em nível nacional. Obviamente, o Brasil tem uma grande força internacional quando o assunto em pauta é o meio ambiente. Cito rapidamente a ECO 92 e a Rio+10, eventos do mais alto nível para a discussão dos rumos do planeta, sob a perspectiva ambiental. De memória me lembro de duas jovens brasileiras que tiveram participação ativa e substancial no evento de 2002, realizado em Johanesburgo: Isis Lima Soares e Poema Muhlemberg.
“Acredito que a juventude de hoje deve ser a principal interessada na maneira como a humanidade utiliza e transforma o meio ambiente, afinal de contas os políticos e empresários, que atualmente vêm tomando as decisões de grande impacto ambiental, dentro em pouco já não estarão mais aí. Não estou querendo dizer que os governantes e empresários são os únicos responsáveis pelo estado atual do meio ambiente. Na verdade, todos nós somos responsáveis como cidadãos e consumidores. Há, portanto, a esperança de um futuro próspero ou catastrófico. Tudo vai depender do que o jovem fizer no presente”. Poema Muhlemberg.
Em 2001, com apenas 21 anos, Poema Muhlemberg foi eleita para integrar o Conselho Juvenil do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), um grupo composto por 12 jovens e que tem como principal objetivo incentivar a participação da juventude nas temáticas ambientais.
Outra jovem está, atualmente, dando continuidade a esse trabalho no PNUMA e com um projeto chamado GEO Juvenil, Camila Argôlo Godinho. O documento intitulado Perspectivas do Meio Ambiente Global (Global Environmental Outlook – GEO) para Jovens foi desenvolvido pelo PNUMA no contexto das publicações GEO. Na região da América Latina e Caribe, foi publicado com sucesso no Peru, Argentina e Uruguai e encontra-se em desenvolvimento no México, Cuba, Caribe e Brasil. O GEO Juvenil busca conscientizar os jovens para os problemas ambientais e mostrar-lhes a sua importância para a construção da Sustentabilidade. É lhes dada a oportunidade de participar ativamente da construção de documentos que servirão de base para decisões governamentais e, principalmente, de partilhar as idéias, experiências e projetos que desenvolvem individualmente ou em suas organizações.
O Grupo Interagir teve a honra de receber o convite para ser a organização parceira para desenvolver esse grande projeto, de alcance nacional e relevância mundial. Erika Costa, diretora administrativa do Interagir, estudante de Engenharia Florestal, é a coordenadora, juntamente com Camila. Vários outros jovens, entre 15 e 25 anos estão sendo gradualmente envolvidos. Apesar de bastante jovens, as duas têm um currículo de fazer frente à grandes ambientalistas. Só pra citar de memória, a Erika está numa temporada de 1 mês em um curso de permacultura, realizado pelo IPEC – Instituto de Permacultura e Ecovilas do Cerrado. Camila foi escolhida entre os outros membros para estar entre os 6 jovens que participarão da Sessão Especial do Fórum de Ministros de Meio Ambiente que acontecerá de 29 a 31 de Março em Seul, na Korea.
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Mateus Fernandes
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