by Efraim Batista de Souza Neto
Published on: Dec 13, 2008
Topic:
Type: Opinions

Por: Efraim Neto*

Que o mundo está passando por transformações sociais e econômicas, não é novidade. Enquanto a crise econômica vigente acumula perdas históricas à nossa sociedade, e faz com que uma pequena parcela seleta da sociedade repense seus atos e seu consumo, a Bahia emerge com um Estado mãe para empresas de celulose que migram o velho mundo.

O Brasil se tornou um importante protagonista na recomposição das forças das indústrias de papel e celulose. A crise da Aracruz, agravada pelas especulações com o câmbio que trouxe prejuízos a papeleira, e pela sua dívida de US$ 2 bilhões aos bancos, por causa de operações com derivativos, resultou na paralização das obras de quadruplicação da fábrica em Guaíba, região do Rio Grande do Sul, e na oferta de compra das ações que a Aracruz Celulose possui da Veracel.

A crise da Aracruz motivou a Stora Enso, transnacional sueco-finlandesa, a comprar os 50% das ações que a Aracruz possuía da fábrica de celulose instalada no Sul da Bahia. Com a compra, a Stora Enso vai controlar sozinha a empresa. No seguimento de fortalecimento do setor papeleiro brasileiro. A união anunciada entre Votorantim Celulose e Papel (VPC) e Aracruz, faz surgi a maior produtora de celulose do mundo. Com tanto poder, até mesmo político, a produção de celulose nacional, que deverá chegar a 18 milhões de toneladas anuais em 2012.

É nas graças dessa grande onda de investimentos e na proficiência de não medir esforços político, que o Brasil deve ultrapassar a China e chegar à terceira posição no ranking de países produtores desta matéria-prima.

Lobby Político: Na grande mesa de jogos de interesse político e econômicos, as empresas Aracruz Celulose e Votorantim Celulose e Papel obeterão, juntas, R$ 619,3 milhões em empréstimos do BNDES. A Aracruz, que angariou R$ 595, 9 milhões, quer aumentas a capacidade de produção da fábrica de celulose que possui no Espírito Santo.

O projeto inclui um novo plantio de 77,9 hectares de eucalipto, ampliando em 9% a sua área, e 26 mil hectares de fomento, em parceria com pequenos produtores rurais no Espírito Santo e na Bahia.

Bahia: O governador da Bahia, Jaques Wagner, é um dos grandes protagonistas da expansão da produção de celulose. Sem medir esforços políticos e econômicos, o mandatário estadual realizou uma viagem à Suécia para negociar a ampliação da Stora Enso na região Sul da Bahia. Voltou com a satisfatória informação de que a empresa irá investir 2,5 bilhões de dólares naquela região.

Não satisfeito com a negociação, Wagner aproveitou a estadia em Estocolmo e procurou a Federação das Indústrias de Madeira da Suécia, com o objetivo de atrair novos investidores para a Bahia. Recordo aqui, que em plena campanha Wagner chegou a receber 100 mil da Aracruz, 100 mil da Veracel e 70 mil da Suzano.

Seguindo a linda de desenvolvimento imposta pelo governo federal, desenvolvimento a cima de tudo e todos, a região angariada para receber os investimentos esqueceu ou finge esquecer que a Veracel, em 1991, derrubou 96 mil hectares de Mata Atlântica. Nesta faixa escura da história de preservação e conservação deste ecossistema, o IBAMA e o CRA, hoje IMA (Instituto do Meio Ambiente), também foram condenados, por terem sido negligentes e terem autorizado o início das atividades da empresa. Hoje o IMA conta com apenas 4 funcionários para atender um região de 27 municípios no Sul da Bahia.

A Justiça Federal acatou a Ação Civil Pública impetrada pelo MPF em agosto deste ano, 15 anos após a ação ser movida. . De acordo com a determinação do MPF, a empresa terá que restaurar, com vegetação nativa, todas as suas áreas compreendidas nas licenças de plantio de eucalipto liberadas entre 1993 e 1996. A empresa entrou com recursos e espera resposta da Justiça.

É neste cenário que surgem mil e uma dúvidas com relação à expansão destas empresas. De que forma a duplicação da Veracel no Sul da Bahia foi licenciada? Teremos que esperar novamente 15 anos para que a Justiça tome providências? Quanto será investido na campanha de Wagner a reeleição? E a certeza que nos cerra aos olhos é a de que este é caminho contrário ao tão sonhado Desenvolvimento Sustentável.

* Efraim Neto é moderador da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e Editor do ECOBlog – www.efraimneto.zip.net

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